quarta-feira, 20 de março de 2013

Reportagem de Eugênio Cunha para Revista Sentidos


Estágios da aprendizagem discente na escola inclusiva

Eugênio Cunha

O trabalho na escola inclusiva tem-nos mostrado quatro estágios da aprendizagem, vivenciados por estudantes com necessidades educacionais especiais. São eles: diretivo, autônomo, criativo e colaborativo.
O estágio diretivo é um estágio primário, que depende invariavelmente da presença do professor. O educando aprende a aprender. É um período de experimentação, de contato com novos saberes, resultando em uma leitura pessoal. A princípio, a preocupação do professor será propiciar o momento da descoberta, da investigação, sem a iminente expectativa de respostas corretas ou acertos.
No estágio autônomo, o aluno adquire a capacidade de aprender novas habilidades por iniciativa própria. Constrói suas escolhas. O desejo de aprender já o absorve em busca de novas descobertas. O educando passa a agir sem a tutoria permanente do professor. Ele sabe o que fazer.
No terceiro estágio, o criativo, a aprendizagem é uma experiência consciente, manipulada e transformadora. Não se restringe simplesmente a influências sobre os conceitos existentes, mas abarca modificações operadas pelo aprendiz que vão traduzir-se em uma nova forma de executar tarefas ou manusear materiais. Há no aluno um potencial criativo que necessita ser explorado em sala, pois limitações genéticas podem ser superadas pelos estímulos do ambiente escolar. Ser criativo não significa criar sempre o inédito, mas tornar interessante o comum.
Por fim, o estágio colaborativo é também o mundo das tecnologias. É nele que crianças e adolescentes descobrem e compartilham novos caminhos epistemológicos. Alunos da educação especial aprendem a escrever a se comunicar e transformam o mundo virtual num mundo colaborativo. Muitos deles são mais habilidosos do que os seus mestres da escola. É a tendência natural da contemporaneidade. Decerto, a educação escolar pressupõe um ensino colaborativo de aprendizagem e autonomia discente.

Eugênio Cunha
Doutorando e mestre em educação, psicopedagogo e professor da educação básica e do ensino superior. Autor dos livros "Afetividade na prática pedagógica", "Afeto e aprendizagem" "Autismo e inclusão", e "Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade", publicados pela WAK Editora.

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